terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Na praia do Titanzinho, no bairro Serviluz, em Fortaleza, Ceará, o desejo de fazer diferenças gerou algo diferente, fez nascer, da heterogeneidade humana, o projeto Serviluz Sem Fronteiras. Crianças e jovens inauguraram há oito meses uma série de eventos que envolvem audiovisual, fotografia, surf, internet, livros, cine-clube, música, mídias digitais, software livre, basquete de rua, rap, brincadeiras e muita disposição de fazer com que as relações sociais sejam efetivamente relações de transformação social.

Cada modo específico de lidar com essas relações faz de uma pessoa o fluxo pelo qual o coletivo se realiza. Um conselho orientador foi criado para pensar, refletir, discutir e deliberar sobre os modos de interagir e criar novas formas de perceber o mundo. É impressionante a capacidade de gerar formas de expressão e formas de conteúdo desses jovens. Seus discursos discorrem sobre a vida, sobre o mar, sobre a possibilidade de ser outrem e também de trocar experiências com pessoas de outros lugares. Os jovens do Serviluz Sem Fronteiras colocam-se nos entre-lugares que celebram o movimento da vida, inscrevem no natural de suas peles queimadas de sol, de tanto surfar, a questão central da atividade de criar pela atividade cultural a matriz de uma república social, onde vivem, moram, dividem a comida, os sofrimentos e comemoram a alegria de afirmar uma vida plena a todos os pulmões.

O conselho orientador é uma espaço aberto, no momento ele é composto por dez jovens, onde todos/as têm voz e voto. Estão vivendo uma experiência de auto-gestão e auto-organização e transformando a base de confinamento imposta pelo racismo de Estado, praticados pelas acões governamentais e não governamentais dos segmentos sociais cearenses. Ademais, eles ousaram fazer a diferença sem esperar por recursos financeiros, estão produzindo alto impacto na vida de si mesmos com motivação, vontade, desejo e inteligência orientada para formas coletivas de apropriação dos meios expressivos.

Um núcleo de turismo comunitário está sendo criado nesse momento. Eles querem trocar aulas de surf, capoeira, mergulho, fotografia, audiovisual e filosofia por oficinas que os visitantes se sintam motivados a fazer. A hospedagem é na própria república social onde vivem os jovens. O custo é comunitário, é compartilhado. Os ganhos são imensos, tanto do ponto de vista humano, social e cultural, como dos sentimentos de pertencimento coletivo que se conquista em ser hospedados por eles.

O Serviluz Sem Fronteiras veio para ficar e para ficar entre aqueles coletivos que fazem conexões profundas entre relações sociais. O e-mail deles é serviluzsemfronteiras@gmail.com É impressionante o que se pode fazer onde ninguém gostaria de estar, quando se sabe a riqueza de estar onde se torna alguém. Vale a pena conhecer.

1 comentários:

Anônimo disse...

[i]
Muito legal esse blog...
Isso faz com que as pessoas vejam que o nosso bairro naum é só de violência ,e sim um bairro cheio de projetos legais que tiram as pessoas das ruas e botam em um projeto que tem tudo pra fazer uma pessoa sem extrutura ser extruturada....
Espero que esse blog creça mais ainda ...

BEIJOSSSS


By:Keziany*

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